Quais vacinas podem ou devem ser administradas na gestação?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que as vacinas evitem de dois a três milhões de mortes a cada ano. A vacinação na gestação tem o objetivo de proteger não somente a gestante, mas também o feto. É importante lembrar que as gestantes ficam mais suscetíveis a doença no período gestacional, então a imunização é muito importante para não adquirir doenças.
Durante a gestação, algumas alterações naturais no organismo da mulher podem favorecer a queda da imunidade e predispor a infecções de maior gravidade. Um bom exemplo é a gripe, causada pelos vírus influenza. As gestantes estão entre os grupos que mais morrem da doença no mundo todos os anos. Além disso, gestantes com doenças crônicas, como diabetes, cardiopatias e pneumáticas, estão expostas a um risco ainda maior de complicações, o que pode levar o médico a prescrever vacinas adicionais, mesmo na gravidez.
No primeiro ano de vida, o organismo do bebê se defende de infecções utilizando os anticorpos recebidos da mãe via placenta e/ou leite materno. Essas vacinas vão ajudar a protegê-lo até que ele produza os próprios agentes de defesa, estimulados com segurança pela vacinação em um processo que leva alguns meses para ocorrer.
Diversos estudos publicados comprovaram que a vacinação de gestantes e mulheres que amamentam, independentemente do trimestre em que a vacina foi administrada, mostrou-se segura para a mãe e o bebê.
Como as vacinas atuam?
Quando o nosso organismo é atacado por vírus ou bactérias (os chamados antígenos), um tipo específico de glóbulo branco (os linfócitos) reconhece essa invasão e passa a estimular a produção de anticorpos. Acontece que nem sempre possuímos os anticorpos específicos. Assim, quando o contra-ataque não é bem-sucedido, adoecemos.
Quais vacinas e o porquê de cada recomendação?
As recomendações são do Ministério da Saúde (MS) e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm):
Vacina de Hepatite B: doença grave que se torna crônica em cerca de 10% dos adultos e em 90% dos recém-nascidos infectados durante o parto. Pode causar cirrose e/ou câncer.
Vacina Dupla do tipo adulto (dT): protege do tétano e da difteria e é recomendada para as gestantes que nunca foram vacinadas ou que não receberam três doses ao longo da vida.
Vacina da Influenza (Gripe): a gripe, causada pelo vírus influenza, pode se manifestar de forma grave e levar a gestante à hospitalização e até mesmo à morte. O Ministério da Saúde alerta que o risco de complicações nesse grupo é muito alto, principalmente no terceiro trimestre de gestação, mantendo-se elevado no primeiro mês após o parto.
Vacina da Tríplice bacteriana do tipo adulto (dTpa): proteção contra quatro doenças:
Tétano acidental (para a mãe): ainda que rara, essa doença pode causar danos à gestante e prejudicar a gravidez.
Tétano neonatal (para o bebê): doença grave que está eliminada do país graças à vacinação de gestantes.
Difteria: a doença está controlada no país graças à vacinação, mas surtos podem acontecer se a população não estiver adequadamente vacinada.
Coqueluche: também conhecida como “tosse comprida”, é causada pela bactéria Bordetella pertussis, que vive na garganta das pessoas infectadas e é transmitida por gotículas de saliva durante a fala, a tosse e o espirro.
O SUS oferece de forma gratuita todas as vacinas, portanto, todas as gestantes precisam comparecer à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da sua casa e verificar se está com toda a vacina em dia, independente se há ou não com uma campanha de vacinação em vigência.
Fonte:
Sociedade Brasileira de Imunizações. Vacinação gestante: sucesso de proteção para mãe e filho. 2018. Disponível em: https://vacinasparagravidas.com.br/public/docs/guia-da-vacinacao.pdf
Brasil. Ministério da Saúde. Informe Técnico 20a Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza. Brasília; 2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/abril/18/Informe-Cp-Influenza—01-03-2018-Word-final-28.03.18 final.pdf
Sociedade Brasileira de Imunizações. Calendário de vancinação SBIm Gestante – Recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) – 2018/2019. 2019. Disponível em: https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-gestante.pdf